Em 1981, Dona Ivone Lara lançou seu terceiro álbum solo, Sorriso negro, que representou uma grande virada em sua carreira. Com produção e direção artística do jornalista Sérgio Cabral e arranjos e regências de Rosinha de Valença, o disco conta com participações de grandes nomes como Maria Bethânia, Jorge Ben Jor e Jorge Aragão. Neste livro do disco, a jornalista e pesquisadora Mila Burns mostra como o álbum, com canções sobre liberdade, orgulho negro e empoderamento feminino, refletia as mudanças fundamentais que inundavam o Brasil nos anos finais da ditadura militar.
“Dona Ivone Lara desenvolveu uma estratégia própria para superar os desafios de uma mulher negra no Brasil do século XX, que serviu de exemplo para as gerações seguintes. Sua forte presença de palco, suas famosas contramelodias e sua biografia incorporam, de várias formas, a resiliência das mulheres negras brasileiras diante de desafios múltiplos e intensos.” Mila Burns
O livro traz ainda depoimentos de quem acompanhou a carreira de Dona Ivone ao longo dos anos, como Bira Presidente e Hermínio Bello de Carvalho, além de admiradores de sua obra, como Leci Brandão, Mart’nália e Pretinho da Serrinha, entre outros.
Sobre Dona Ivone Lara:
Exímia cantora e compositora, Dona Ivone Lara (1922-2018) foi uma das raras mulheres a ganhar destaque e respeito no mundo do samba. Assistente social, trabalhou ao lado de Nise da Silveira no Instituto de Psiquiatria do Engenho de Dentro. Somente ao se aposentar, em 1977, passou a se dedicar com exclusividade à música. Parceira de Hermínio Bello de Carvalho, Delcio Carvalho e Jorge Aragão, nos presenteou com clássicos como “Alguém me avisou”, “Acreditar”, “Sonho meu”. Foi a primeira mulher a integrar a ala dos compositores do Império Serrano, escola para a qual compôs em 1965 o samba-enredo “Os cinco bailes da história do Rio”, junto com Silas de Oliveira e Bacalhau. Suas canções foram interpretadas por grandes nomes como Maria Bethânia, Caetano Veloso, Paulinho da Viola, Beth Carvalho, Marisa Monte, entre outros. Faleceu em 2018, deixando um legado de melodias sofisticadas e uma história de vida inspiradora.