Histórias da Casa Velha. / Autores: BOTELHO, J. M.; BOTELHO, J.

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Ruth Guimarães (1920-2014) registrou em sua literatura a linguagem e o jeito de ser do caipira. Para a escritora, a definição de ser caipira era orgulhosamente assumida. Mas produziu obras eruditas, como a tradução direta do latim do livro “O Asno de Ouro”, de Apuleio.

Foi a primeira mulher negra a cursar a FFLCH da USP, a primeira escritora negra a integrar a Academia Paulista de Letras – eleita em 2008 para a cadeira número 22, que ocupou até sua morte, em 21 de maio de 2014.

E foi também a primeira autora negra a ganhar repercussão nacional com o lançamento de seu romance “Água Funda”, em 1946, sucesso de crítica e de vendas (Editora Globo). Lembrar que Maria Firmina dos Reis, a pioneira, só foi descoberta em meados da década de 1970, e que Carolina Maria de Jesus começou a publicar apenas na década de 1960.

Sua importância na literatura cresceu tanto nos últimos anos que sua obra “Água Funda” é livro indicado como leitura obrigatória para os vestibulares da Fuvest dos anos 2025/2026.
Ruth Guimarães produziu 51 livros, entre traduções (latim, francês e italiano), romance, contos e pesquisas folclóricas. Foi aluna de Mário de Andrade, que a orientou na metodologia de pesquisa para o livro “Os filhos do medo” (Editora Globo, 1950), uma pesquisa sobre a figura do demônio e sua corte no imaginário popular.
Sua biografia acaba de ser lançada, pelos filhos Joaquim Maria Botelho e Júnia Botelho, pela Nocelli Editora, com apoio do ProAc. O trabalho trata da formação intelectual da escritora, sua vida, obras e legado literário.

Em 2007, em depoimento concedido ao Museu Afro Brasil, ela afirmou que, "assim como somos um povo mestiço, todo cheio de misturas de todo jeito, a nossa literatura também é toda feita de pedaços de textos, de arrumações aqui e ali". "Não há nada que nos torne inteiriços, inteiros", definiu.

"Minha literatura é isso também. Eu conto a história da roça, de gente da roça, do caipira. Eu também sou caipira, modéstia à parte. Eu não me importei muito se havia uma tendência, ou se havia uma inclinação para contar a história do preto; como eu também sou misturada, meus livros são misturados. Como eu sou brasileira, nesse sentido de brasileiro todo um pouco para lá, um pouco para cá, os meus livros também são assim, um pouco para lá, um pouco para cá." E prosseguiu enfatizando que era preciso "saber da raiz negra de onde viemos".

Deixou claro que o legado é para ser usufruído pelas gerações que a sucederam e sucedem. "A história negra está por fazer, a literatura negra está por fazer, a poesia está por fazer", disse.

Agora, enfim, esta biografia escrita por seus filhos, Joaquim Maria Botelho e Júnia Botelho, com vida e obra acompanhada tão de perto.

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