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A Menina Linda: e outras crônicas. / Autora: SILVA, Cidinha da.
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Na longa e vitoriosa tradição da crônica no Brasil, Cidinha da Silva é autora de voz singular. Ao construir seus textos a partir de um ponto de vista essencialmente feminino, preto e periférico, Cidinha oferece ao gênero uma abordagem diferenciada. Mas Cidinha não é só cronista. Suas diversas facetas desembocam em gêneros como o conto, a poesia, a literatura para crianças e o texto teatral. Dentre seus títulos, destacam-se obras como Os nove pentes d’África (2009), Canções de amor e dengo (2016) e O homem azul do deserto (2018). Com Um Exu em Nova York recebeu o prêmio da Fundação Biblioteca Nacional na categoria contos no ano de 2019. Já Explosão feminista foi finalista do Prêmio Jabuti no mesmo ano. Cidinha da Silva é, portanto, referência entre os novos nomes com carreira consolidada no panorama da Literatura Brasileira contemporânea. Em A Menina Linda, reunião de crônicas da autora acrescida de quatro textos inéditos (O caso da escritora que espionou Emanoel Araújo, A vida por um telefonema, Santo e O novo normal), o leitor tem acesso a uma obra que, embora seja devedora a nomes canônicos da crônica brasileira, rasura essa tradição. Sendo assim, são colocadas em primeiro plano personagens – reais e fictícios – que abordam questões étnicas, sociais e de gênero. O livro traz questões importantes para a crônica contemporânea: é o século XXI, com todos os temas debatidos na sociedade, transportado artisticamente para a Literatura em textos curtos, acessíveis e, sobretudo, atraentes. A Menina Linda tem textos construídos a partir de uma tessitura ao mesmo tempo delicada e contundente. Numa dicção original e surpreendentemente bela, Cidinha da Silva toca em temas sociais candentes, como racismo, periferia, relações trabalhistas, africanidade, sem nunca descuidar dos aspectos estéticos. No texto A menina linda, que abre o livro e lhe dá título, vemos uma professora que precisa se educar diante das surpresas indigestas que o racismo pode trazer. E fica a pergunta: “Por que a felicidade da mulher negra precisa ser guerreira, sempre?”. Já em A coleção de dicionários de capa dura na estante, o narrador aborda a importância da leitura em um ambiente familiar pouco afeito às manifestações da cultura letrada, visto que monopolizado pela sobrevivência cotidiano. É ainda este tema que vai ressoar na belíssima crônica Cenas da colônia africana em Porto Alegre – as lavadeiras, na qual a singularidade da voz narradora frente à labuta da vida cotidiana permite um olhar de esguelha às condições de vida das classes populares. Além do papel do livro e da leitura, a cultura do rap, o Carnaval e o samba também estão nas crônicas de Cidinha. Sendo assim, passeia pelos cabelos dos meninos negros e pela beleza negra em todos os seus possíveis níveis, desde o estético até o filosófico.
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