Cinemas Afro-Atlânticos. / Autor: CORREA, Marco Aurélio da Conceição.
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Em tempos de ascensão da individualidade predatória como sinônimo de progresso e sucesso, evocar a comunhão da experiência cinematográfica é remar contra uma forte maré de austeridade e indiferença. O cinema, apesar de ser o ápice estético, tecnológico e narrativo da modernidade ocidental do século XIX, é conseqüência de antigas imersões das tradições ancestrais na prática de fabular o real através da subjetividade humana. Desde o berço materno de toda a esteticidade humana, o continente africano, o ser humano vem buscando atualizar a confabulação do real dentro de suas concepções de sociedade e mundo, passando pela oralidade, dramatugia, literatura até a invenção do cinematógrafo. Com o advento do cinema a questão deixou de ser a busca pelo real para se tornar o questionamento do que seria este real. Devido a relações de poder que proporcionaram que sociedades específicas pudessem se dedicar a tal empreitada ontológica e tecnológica, a percepção do real se tornou ao mesmo tempo específica e universal. Neste trabalho remo em contra mão à estas controvérsias, recalcando qualquer tipo de universalidade, voltando mais uma vez a historicidade africana navego pelas diásporas atlânticas para perceber que a universalidade ocidental e moderna é o principio contrário de qualquer civilidade saudável para os seres humanos. Assim como os mares, os seres humanos vivem na confluência de suas diferenças, é o seu princípio criativo básico. Na contemporaneidade, as ondas do atlântico negro fervilham depois de anos de calmaria, agora os sujeitos que outrora foram transportados nos porões buscam por ser os protagonistas que irão tecer outras narrativas. Tendo a historiografia do cinema como mares a se desbravar, encontramos no mergulho nas produções cinematográficas de cineastas negros emergentes a possibilidade de mudar o paradigma imposto pelas amarras da ainda atual modernidade colonial, evocando uma outra forma de se fazer cinema e de se posicionar no mundo.