Este novo livro do grupo de pesquisa Ylê-EDUCARE, organizado por Neide Cristina da Silva, Francisca Mônica Rodrigues de Lima e Maria Lucia da Silva, resulta de uma série de reflexões e questionamentos acerca do papel desempenhado hoje, na sociedade brasileira, pela mulher negra. Não bastasse ser esse um tema, por si só, já demasiadamente abrangente, há ainda, nos textos apresentados, a intersecção desse assunto com questões relacionadas à Educação, aspecto central do referido grupo de pesquisa. Neste livro, portanto, vamos encontrar abordagens relativas à condição transexual da mulher negra, histórias de vitimização e empoderamento, trajetórias docentes e dificuldades enfrentadas na educação superior e muitos outros temas, todos eles entrecruzando-se com a educação e seus infinitos desdobramentos. Mas seu conteúdo não se limita a questões que, por comodidade, poderíamos chamar de social; há, ainda, como a completar esse quadro já bastante significativo de abordagens da mulher negra, toda uma parte dedicada às arte e à cultura, em que se destacam matérias sobre escritoras como Carolina Maria de Jesus, aspectos relacionados às ações afirmativas, temas vinculadosa à literatura infantil e outros. Enfim, um livro que, seja pela multiplicidade de questões analisadas, seja por eleger a mulher negra como centro das proposições, torna-se, logo de início, indispensável. Vale terminar com o trecho de um poema de Conceição Evaristo, porventura a escritora negra que melhor traduziu a condição social e psicológica do que chamou de eu-mulher:
“Eu fêmea-matriz.
Eu força-motriz.
Eu-mulher
abrigo da semente
moto-contínuo
do mundo”.
